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Introdução À Navegação
03:18
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navegando
azul o mar
azul o mar
brisa calma
a tempestade não chegou ainda
ainda estou em paz
nesse lençol azul
sua orla insiste em desaguar em mim
santa proa
resiste aí
resisto aqui
de certo eu lembro de ter tido aquele sonho
te ver passar no cais
enfrento aquilo que vier, e o que não vier
eu vou atrás
(onde está você que eu não vejo a tanto tempo
e o tempo?)
e diz que não importa mais
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2. |
O Homem Que Chorava
03:11
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ai, meu amor
como faz pra ser feliz aqui?
ser como for, sem me doar demais
vender a alma
luto por mim,
ou finjo que luto por você?
rumo ao meu fim,
saber voar te faz sorrir com calma
(eu não consigo ser assim)
sorrir no tempo em que eu quiser
(eu não consigo ser assim)
mais um, mais dois, mais
me tiraram do grupo que organizava a reunião
eu me vi estendido na esteira jogada no chão
onde estava você, onde estava todo mundo ?
segundo lugar
como sempre eu vou pra nunca mais voltar
(você só pensa em ser assim)
chorar, sorrir, o que vier
(que enxerguem outro ser assim)
mais um, mais mil, mais
e todo dia eu vivia sem ter a certeza
e cada dia eu queria temer a fraqueza
e não podia, sentia, perdia a cabeça
me salve de mim, me salve de mim
você se queixa.
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3. |
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diz quando eu posso voltar
me atende a porta
pra não se considerar
invasão, invasão.
ah, meu bem
se você dissesse alguma coisa que
aplacasse a solidão que me deixou
eu diria que você não é
nem perto do que eu quis
ou que eu achei que um dia fosse,
mas eu me enganei, mas eu me enganei
então me diz:
quantas mentiras eu tenho que contar
pra você acreditar?
ah, meu bem
não adianta suportar
e dizer que somos só o que restou,
porque não sou.
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4. |
Terminal
03:44
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me sinto uma estação de trem
onde vejo tudo passar, o vai e vem
enquanto eu permaneço aqui
estático, estático, criando raiz
me sinto o corredor de alguém
infestado de móveis imóveis
sem passar ninguém
enquanto eu permaneço aqui
estático, elétrico, sem força motriz
será que um dia eu vou amar algo
que não vai embora no mês que vem?
será que valia a pena esperar?
mas juro que um dia eu também vou embora
sem ter que voltar
vi em seus olhos que eu sou criança pra ti
(quando não há uma dúvida)
uma que ainda não aprendeu a respirar
(tudo se torna tão claro)
entendo que o mundo pode parecer responder
a quem tem mais idade, mas
na verdade o mundo é birrento e responde a
ninguém.
me sinto a esteira do avião
carregado de malas, eterna rolagem circular
de mão em mão.
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5. |
Veleiro
02:50
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eu queria saber explicar
porque eu canso de tanto voltar
pro mesmo lugar
terei eu perdido as migalhas,
ou a linha que eu trouxe acabou ?
eu me vejo perdido e longe
longe demais pra voltar
quando você disse que não era mais uma vez
eu fiquei sozinho, coisa que você não fez
o barco virou, no meio do mar
eu vi no horizonte uma ilha
segui a nadar, de tanto remar
pensei por que não desistia
e me soltei nas ondas, lentamente a afundar
respirei meu último suspiro e deixei o mar
me afogar
alguém me puxou
de volta pra superfície
levou os meus braços pra frente,
até conseguir atracar
o vento parou
a água feito uma planície
convidou a Terra pra dançar,
e dançando com ela eu me vi
em terra firme.
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6. |
Náutica & Marina
03:23
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se me sinto tão sozinho
é porque eu sou
se me pego distraído
eu não sei quem sou
pr’outro lado vou saindo
me desfaço de nós dois
só não peço com carinho, já não sinto dor
o quanto a vida me ensinou
a NÃO TEMER, a NÃO TEMER o perdedor
quantas vezes eu te disse pra fechar essa porta Ana?
quantas vezes eu te disse?
algum lugar
que te eleva e conduz de volta pra um tempo
em que você era feliz de verdade
vai devagar
o seu choro pode nos acostumar,
pode nos acostumar
o ponto fraco do acaso
é nunca entender
o que virá e o que parece
nunca pertencer
na verdade é o que abriga o melhor
de todos nós
volta e meia eu te digo “me desculpa amor”
por favor, me deixa falar
eu só quero arrumar uma desculpa convincente
meu amor, deixa pra lá
vem logo cá, pra gente estar de novo
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7. |
Santa Catarina, 1998
02:16
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as luzes piscavam com o frio que gelava sua mão em mim
seus olhos eram como dois iglus
refletindo o sol, que eu imaginei com certeza.
as nuvens vão se perder no céu
e aquele instante, acabar
sua ilha está tão longe de mim, refletida ao sol,
você não me vê, com certeza.
meu peito vai se encontrar no teu
e de novo vai ficar.
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8. |
Trinta Metros Quadrados
03:32
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mande notícias pra minha família
dizendo que eu estou bem, dizendo que agora eu sou alguém
importante, eu tenho meu próprio escritório
trabalho das 9 às 6, pode dizer também
que já deixei pra trás aquelas idéias de me mudar
pra longe, fugir daqui
eu juro que eu aprendi
dar nó em gravata, amarrar meu sapato
fazer meu café
dizer uma oração
pedir pra ser tudo em vão
viver mais feliz e não pensar no amanhã
seria tão fácil (tão fácil)
viver assim.
anota aí, diz que eu nem vejo mais
aqueles amigos que me influenciavam, viu?
é claro, me sinto sozinho, coração
mas eu não preciso de ninguém, eu já tenho tudo
tudo bem
ah, que saudade de todos vocês
ah, como eu quero deixar de ser rei
não basta
a vida não é assim
isso não é normal, não é normal pra mim
(descaso feito com carinho)
se por acaso
achar que eu tenho razão
me dê um motivo então
que eu volto
que eu vivo
que eu mostro que estou vivo
jogo fora essa carta
e fico em paz
em paz.
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9. |
Laguna
04:10
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olha filha, quanto tempo
eu desperdicei
esse moço aqui na foto, eu juro
que sou eu!
balançando a mão ao vento,
com amigos meus
meu sorriso não esconde que eu acreditei
e ninguém viu.
olha, filha, eu te juro que eu também sorri
tinha sonhos, dores, vida
que eu não me perdi
tinha ela e eu no espaço, indo nos deitar
seu sorriso me cercava feito um navio
a embarcar.
supostamente eu que fiz você entrar
supostamente eu que fiz você ficar
supostamente eu que disse “vamos lá”
a culpa nunca é sua, sempre eu que vou levar.
(juro, sempre que eu olho por cima desse muro
vejo meus destroços nesse mar escuro
gelo até os ossos, morto num segundo,
sempre que eu olho, sempre)
onde tudo for pra sempre, onde vou estar
e se tudo for tão quente, permanecer lá
te escrevo essas memórias pra você não ler.
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10. |
A Represa
03:39
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saudade vai ficar aqui
bem guardada nessa caixa
embaixo do meu gaveteiro, que é pra eu
nunca mais subir
maldade você me seguir
bem de perto, curiosa
embaixo de uma laranjeira
com os pés no chão e cabelos a ventar
com a lupa na mão e o sol a me queimar
feito um furacão que de tudo vai levar
à beira d’água se banhando sem saber que
tem alguém te olhando
imaginando mil respostas pra te dar
se esse galho quebrar
asfalto queima os meus pés
esperando nessa estrada
em cima desse chão de pedra,
estendendo a mão pra qualquer um que passar
(você em paz, se eu enrolar
você em mim, só vai passar)
eu tento não seguir você
eu posso nunca mais te ver
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Ceano
banda de rock alternativo e emopb de campinas - SP
uma alternativa à rádio cafona desses tempos sombrios.
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